Pastor Cleber: março 2009
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O DESAFIO DE SER LÍDER CRISTÃO NOS DIAS ATUAIS

Durante o decorrer da história cristã, ser cristão tem sido um desafio constante. Os fiéis sempre encontraram dificuldades: a perseguição na era apostólica, a perseguição promovida por vários imperadores romanos, a inquisição... Muitas vidas foram ceifadas por causa da fidelidade a Jesus. Embora não tenhamos um número exato, alguns acreditam que mais de 70 milhões de pessoas já morreram por causa da fé em Cristo. Outra luta que tem marcado o cristianismo é a luta contra as heresias.
Essa é uma perseguição quase invisível, que produz efeito a longo prazo, e é uma das formas preferidas de Satanás para atacar a igreja. Tanto as perseguições físicas, quanto a tentativa diabólica de enfraquecer a igreja por meio de falsas doutrinas, estão presentes nos dias atuais, observando-se as devidas proporções. O caso ocorrido em Goiania, recentemente, não é exemplo único de perseguição. No mundo vários cristãos, nos dias atuais, estão sendo perseguidos. Ser cristão significa vivenciar constantes desafios!

Cada época e cada contexto tem seus desafios. Hoje eu quero abordar alguns desafios presentes na vida do líder. Principalmente àqueles que ocorrem com maior freqüência ao longo do ministério pastoral. Vejamos:

O DESAFIO DA CREDIBILIDADE
“Quem deu crédito à nossa pregação?” (Isaías 53.1). Esta frase, emprestada do seu contexto original, pode ser representativa de uma realidade bem atual. Quem tem dado o devido crédito à nossa pregação? Pessoas existem que não confiam mais no poder do evangelho, que não confiam mais nas igrejas, que não confiam mais nos pastores, que não acreditam mais nos valores do evangelho... Vivemos uma profunda crise de credibilidade. Os incrédulos se multiplicam na medida em que se multiplicam os escândalos entre nós. Outro fator que causa o descrédito do povo é o surgimento de igrejas-empresas, lideradas por pseudo-pastores, ou igrejas e líderes que surgem em meio a confusão. Conheci um homem que um dia se batizou na igreja onde eu era membro. Ali ele arranjou uma confusão e pediu carta para outra igreja, onde arranjou outra confusão. Isso ocorreu por mais umas três vezes, até que ele fundou a sua própria igreja. Essa igreja hoje é conhecida como a igreja do pastor “fulano”. Talvez você já tenha ouvido a frese: “Hoje qualquer um vira pastor”. Essas pessoas estão vulgarizando o título de pastor! Estão menosprezando a figura da igreja!


Perto da minha casa, existem várias igrejas. Recentemente, uma dessas igrejas, que se reúne num pequeno salão (ponto de comércio) se dividiu, e o grupo faccioso abriu outra congregação bem perto. Temos “igrejinhas” por todos os cantos da cidade, e pastores para quase todas. Muitos de seus líderes são pessoas sem formação, sem o mínimo de preparo, alguns semi-analfabetos, a maioria, talvez, sem vocação. Quando ligamos a TV, encontramos em vários canais pastores negociando com o evangelho. A massa, muitas vezes não distingue o pastor vocacionado por Deus daquele que simplesmente recebe o título. Pior que isso é que ser pastor hoje, não significa, necessariamente, ser idôneo, honesto, bem intencionado, verdadeiro... quantos escândalos visto, recentemente, envolvendo pastores?

O pastor de hoje precisa ter credibilidade! Para isso ele precisa mais que palavras. Nenhuma pregação substituirá o seu viver! A igreja primitiva experimentou crescimento por alcançar crédito diante do povo. Parafraseando Atos 2.47 - “Louvando a Deus, e conquistando a credibilidade de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos.”

O DESAFIO DE LUTAR CONTRA A VAIDADE PESSOAL
  • Seja sincero e responda em seu coração, se você se sente vocacionado para o Ministério Pastoral:
  • Que tipo de igreja você sonha em pastorear? Uma igreja pequena ou uma igreja grande? Numa cidade pequena ou num grande centro?
  • Quanto você gostaria de ganhar?
  • Que tipo de vida você sonha em ter como pastor?
  • Você sonha com algum cargo na sua denominação?
  • Você almeja ser influente?
Sabia que tem gente que vem pro seminário pensando em se preparar para levar uma vida bem-sucedida? Para muitos, ou até mesmo a maioria, esse é o principal (ou o único) objetivo em mente.

Você já viu quantos líderes evangélicos que estão envolvidos em escândalos e quantos já caíram? Eu tenho dito algumas vezes que Deus tem permitido que alguns líderes caiam antes que se tornem deuses. Já viu quanta idolatria há em nosso meio? Recentemente alguém me deu um dinheiro para comprar, de uma só vez, sete Cds de um pastor famoso, que tem programa na TV. Essa pessoa possui uma vasta coleção, com vários Cds. Eu me lembro que uma pessoa da minha família chegou a confiar cegamente num pregador que esteve em evidência na mídia por muito tempo; era Deus no céu e o pregador na terra. Ninguém tinha, na visão dela, uma melhor interpretação da Bíblia e dos fatos que aquele homem. Na última Assembléia da Convenção Batista Fluminense, que recebemos em nossa igreja, tivemos uma “visita de médico” de um vulto de nossa denominação. Enquanto ele passava pelo local eu observava as pessoas que para ele olhavam, com admiração, quase que cultuando... A maioria dos líderes que ganham status não são culpados dessa idolatria, mas muitos falham em não administrar a situação adequadamente. Alguns se entusiasmam... Muitos desses líderes perdem a visão de sua humanidade e passam a não contar com a dependência de Deus, e assim:

Trocam os ideais de Deus pelos seus próprios ideais;

Trocam a graça de Deus pela esforço e capacidade humana;

Trocam a humildade pela soberba;

Prestigiam a quantidade em detrimento da qualidade;

Trocam a posição de servo pelo status de senhor;

Infelizmente tem muita gente buscando algo além da graça de Deus. Como líder, vocacionado pelo Senhor, você precisa crer que a graça de Deus te basta! Esteja feliz com a sua posição. Trabalhe despretensiosamente... queira somente aquilo que for do desejo de Deus.

Quem vive na dependência de Deus, diz como João Batista, em seu testemunho: “É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (João 3.30). Não deixe que a vaidade pessoal te afaste dos propósitos de Deus para a sua vida.

O DESAFIO DE NÃO PERDER DE VISTA A VISÃO DE DEUS PARA A IGREJA

A visão de Deus para a igreja é:
  1. Uma igreja firmada na sã doutrina, que reage às heresias e distorções;
  2. Uma igreja missionária, verdadeiramente apaixonada pelas almas, que se esforça para ganhar os perdidos;
  3. Uma igreja que prega o evangelho em sua simplicidade;
  4. Uma igreja, cujo templo seja lugar para culto em espírito e verdade;
  5. Uma igreja preocupada com as pessoas;
  6. Uma igreja, cuja estrutura não seja um empecilho ao evangelho.

A visão de alguns líderes é:
  1. Uma igreja grande, preocupada em crescer ainda mais. Quem sabe uma multidão, que se reúna numa catedral;
  2. Uma igreja firmada em valores aceitáveis para os dias atuais;
  3. Uma igreja que prega um evangelho “politicamente correto”, incapaz de incomodar o pecador (certa ocasião eu preguei sobre Um sermão duro de se ouvir);
  4. Uma igreja cujo templo seja lugar de espetáculo, que atraia multidões;
  5. Uma igreja preocupada em cumprir metas e programas;
  6. Uma igreja que adota uma estrutura ou programa de multiplicação, que não leva em consideração a natureza e a missão da igreja.
O DESAFIO DE NÃO CEDER À TENTAÇÃO DO CRESCIMENTO FÁCIL
No início do meu ministério eu comprei um livro intitulado “O Marketing da Igreja”. Hoje são muitas as obras que tratam do crescimento da igreja, algumas apresentando “fórmulas mágicas”. Hoje em dia temos muito mais seminários sobre crescimento de igrejas que sobre a vida cristã. Existem pastores mais preocupados com a multiplicação que com a maturidade de suas ovelhas. O pragmatismo virou mania; “tudo o que dá certo lá, dará certo aqui também”. Em conversa recente com um pastor muito experiente, do Estado de São Paulo, ele e eu concordamos que e a Igreja de Cristo não pode ser objeto de experiências. A Igreja não é laboratório de experimentos! Não devemos fazer experimentos com pessoas! Todavia, alguns estão tentando recriar a igreja. Em conseqüência disso temos visto muitas divisões, mágoas e tristezas no meio do povo de Deus. Certa ocasião, consultado pela Comissão de Sucessão Pastoral, de uma igreja em que era candidato, sobre qual modelo, método ou programa haveria de utilizar naquele lugar, caso fosse convidado, eu respondi: pregar a palavra, a tempo e fora de tempo. Alguns métodos são bons, mas nada substitui o poder do Evangelho. Sou do tipo que ainda crê que o evangelho, por si só, é impactante - “Uma igreja não amolda seu produto, não o desfigura, não o metamorfoseia. Ela prega a velha mensagem de "Cristo crucificado, poder de Deus para salvação de todo aquele que crê". Ouço hoje pessoas falando da necessidade da igreja dialogar com o mundo. Não sei, exatamente, o que significa isto. Mas sei que a igreja não dialoga. Ela proclama. Ela anuncia uma mensagem de cujo anúncio não se pode furtar. Não se preocupa com a opinião do mundo sobre seu produto. Sabe que é o único produto verdadeiro, não o camufla, não o distorce, não mente sobre ele. É apaixonada por ele.” (Isaltino Gomes Coelho Filho)

Pra muita gente, o tema Crescimento de Igreja virou oportunidade comercial. Tem muita gente sonhando em construir catedral... Em conseqüência da busca descontrolada pelo crescimento numérico, tenho visto muitas igrejas cheias de perdidos que jamais serão transformados, pois estão privados do “confronto” com a Palavra de Deus. Em alguns púlpitos não se toca nas “feridas” (pecados) do homem. Daí porque ser evangélico virou algo tão comum – A Tiazinha é evangélica! O Leão é evangélico! Pasmem!!! - ser evangélico agora é moda.

O Pastor Isaltino Gomes Coelho Filho, em uma palestra, tratando sobre o mundanismo administrativo em nossas igrejas, disse que “o maior inimigo da igreja de Cristo, hoje, não é o mundanismo, nem o Islã, com seu crescimento espantoso, nem o pós-modernismo, nem hostilidade da mídia. É o abandono da visão teológica da igreja. É a perda de identidade. É a transformação da igreja em empresa e do pastorado em emprego ou bico. É a falta de vivência de valores espirituais. É a visão limitada de estrategistas de visão secular bem ampla, mas de visão espiritual bem limitada”.

CONCLUSÃO
Creio que um dos grandes desafios do líder cristão de nosso tempo seja lidar consigo mesmo.

Palestra realizada na FATEBI - Faculdade Teológica Batista de Itaperuna
Cleber Montes Moreira, pastor de evangelismo da PIB de Itaperuna, RJ.


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